domingo, 8 de maio de 2011

DIA DAS MÃES, CELESTE MARTINEZ

Texto lido no programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER em sua 218° edição que vai ao ar das 8 às 9 horas da manhã de domingo, transmissão pela Rio Una FM 87,9. Neste dia 08 de maio dedicado ao dia das mãess.

DIA DAS MÃES

Falar do dia das mães é recordar um tempo de magia. Tempo em que as mulheres se dedicavam ao lar, esposo e filhos. Tempo em que as mulheres amamentavam por opção e ensinavam aos meninos e meninas como coser as meias furadas; como comportar-se à mesa nas refeições; cuidar da casa; arrumar o quarto; cuidar do irmão menor; fazer as tarefas escolares... Tempo em que se seguia uma regularidade nas refeições: hora do café, da merenda, do almoço, nova merenda e jantar. Tempo do respeito aos mais velhos. Tempo do “Bença Pai”, Bença Mãe”. Deus te abençoe!Tempo da prática severa dos provérbios:

“Dize-me com quem andas que te direi quem és”

”Quem anda com porcos farelo come”

“Caranguejo perdeu a cabeça por causa de camaradagem”

E em particular no meu caso, uma frase emoldurada, fixada na parede da cozinha, visível a todos: “Tudo o que deve ser feito merece ser bem feito”!

Apesar da trajetória do tempo em que vivi tudo isso, ser bastante reduzido, ainda paira na mente de muitos esta imagem de dia das mães singular a cada maio.

Como esquecer que no segundo domingo de maio é o dia das mães?

A escola fez questão de ensinar. De repetir a cada ano com resultados plausíveis nas aulas de educação artística quando as meninas deveriam pintar arranjos florais nos panos de pratos para presentear as mães. Só me falha a memória agora quanto a atividade exercida pelos meninos.

Tínhamos o referencial de mãe como o ser que vivia exclusivamente para o lar, para a família. Por que segundo a lei que regia os comportamentos da época, “Lugar de mulher é na cozinha” E o lugar do homem: na rua.

Hoje, em muitas mentes ainda paira essa imagem de dia das mães como nos contos de fadas mas não é bem assim que funciona atualmente.

A mulher, por imposição do mercado de trabalho deixa o lar doce lar para dedicar-se a outras atividades na selva de pedra.

Quebra-se o elo: Mulher- reduto do lar, dedicação exclusiva ao esposo e filhos. Agora ela concilia o tempo com as atividades remuneradas nas repartições públicas e privadas e as mesmas corriqueiras atividades da casa.

Em conseqüência, a família perde os encontros ao redor da mesa. Inventa-se a babá para o cuidado com as crianças e a tecnologia aperfeiçoa a babá eletrônica (TV)

Os filhos e filhas distanciam-se dos olhos maternos. Apegam-se aos surreais encantos dos desenhos animados e vídeo games. Interrompem-se os afetos mais simples: Sentar no colo, ouvir histórias, ser carregado para a cama.

E apesar de ao longo da história, mulheres engravidarem aos 10, 12, 13 e 15 anos de idade... Intensifica-se a gravidez na adolescência. Contribuído pela fragilidade na família e a vulnerabilidade às informações errôneas da mídia.

Comemorar hoje, o dia das mães é relembrar velhas AMÉLIAS que se conservam intactas por que simplesmente acreditam que estes valores devem ser conservados.

Mas também hoje, comemorar o dia das mães, é refletir sobre as inúmeras mães- adolescentes que pularam por sobre a infância e desnorteadas praticam a maternidade, indecisas se embalam bonecos/bonecas de plásticos ou seres pequenos - humanos e mesmo assim conduzidas por manuais via endereço eletrônico.

Comemorar o dia das mães hoje é ponderar sobre as mães-mulheres negras que ainda sofrem discriminações apesar da constituição de 1988, tornar a prática do racismo crime sujeito a pena de prisão, inafiançável e imprescritível.

É tempo de refletir sobre as mães- mulheres que contraíram o vírus da AIDS e agora perfilam nas estatísticas como mais uma.

Comemorar hoje, o dia das mães, é lembrar as mulheres-mães que sofrem violências físicas e psicológicas e que por mais absurda que seja a contestação: são violadas dentro de sua própria casa por pessoas conhecidas.

Dizer que a mulher conquistou o mercado de trabalho é mero dado estatístico. Ela continua a cada dia desempenhando o papel de esposa, mãe e assalariada, com avarias de crises existenciais.

Evidente que na atualidade algumas mulheres exercem cargos públicos quebrando velho paradigma de que lugar de mulher é no fogão. E segundo Emanuel Kant: somente o homem tem capacidade intelectual ou segundo Rosseau: a mulher é um ser destinado ao casamento.

Se na Idade Média se estabelecia 3 classes de mulheres:

1- Prostitutas

2- Bruxas

3- Santas

Na atualidade com os fabulosos artifícios midiáticos o que prevalece, o que se fortalece e intensifica é o modelo consumista de mulher exibido em propagandas de bebidas, em letras de musicas baratas para atender a demanda fútil do mercado.

As bruxas já não mais existem ou se existem estão trancafiadas em suas casas por que pelas ruas rondam carros: caçadores de demônios, nesta proliferada rede de templos mercados.

E quanto a santas, desde meus tempos áureos até os dias atuais só conheço o nome da virgem Maria, mãe de JESUS.

Neste maio, em que floralmente pintado também se diz: Mês das mães, mês de Maria e mês das noivas que possamos intensificar o sonho de não ser rainha do lar por que não vivemos em uma monarquia mas que exista o valor básico do respeito e compromisso entre os companheiros em cumprir o contrato firmado perante Deus, ou Juiz ou entre eles mesmo em construir, partilhar o caminho da verdade sem artifícios, sem excesso de vaidades, para pelo menos neste dia dedicado as Mães, possamos dizer: “MAMÃE, TE AMO!”


CELESTE MARTINEZ- Escritora, Pedagoga, Empresária, Idealizadora, Produtora e Apresentadora do Programa Radiofônica ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER, reconhecido pelo Governo Federal como PONTO DE LEITURA NO BRASIL , faz parte da Rede Biblioteca Viva e integra o Plano Nacional do Livro e Leitura- PNLL.



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