quinta-feira, 19 de março de 2015

O junco e o cipreste


Na 394° edição do programa radiofônico Alacazum Palavras para Entreter apresentado pela escritora e locutora Celeste Martinez e que foi ao ar no dia 15 de março de 2015, das 8 às 9 h transmissão ao vivo Rio Una FM 87,9 oferecemos como desafio musical : De papo pro ar na contagiante interpretação de Inezita Barroso. Este também foi um pretexto para homenagea-la. No contexto fizemos a leitura da poesia: O junco e o cipreste de Castro Alves em referência ao dia 14 de março- Dia Nacional da Poesia e data do nascimento do poeta.



O junco e o cipreste

Ao lúgubre cipreste em voz plangente
o junco melancólico dizia:
- Que triste sorte a minha!
Ergui-me tao alegre e tão contente
Quando a alvorada vinha!


E já sem força e já sem energia
Curvo a cabeça... E lânguido e sozinho
Sinto que vou morrer. Ah! por que a sorte
Dando-te vida, só me guarda morte?

E o cipreste dizia:
- A dor foi sempre eterna,
Mas a fortuna só perdura um dia!

E o junco respondia:
Em ti simbolizaram a tristeza
Em mim, somente o anelo
Dos que no amor esperam.
Como é que nunca dobras a cabeça
Nem a raiva das chuvas e dos ventos
A cor sequer te alteram?

Daqueles que de tudo desesperam
Para lembrar a lúgubre aflição,
Só existe uma cor, disse o cipreste...
E se jamais tu viste
Curva minha folhagem para o chão...
É que desprezo o mundo baixo e triste
E mergulho a cabeça na amplidão.

Castro Alves


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