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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Os perfumes da terra, de Clarice Lispector


Na 425° edição do programa radiofônico Alacazum Palavras Para Entreter, apresentado pela escritora Celeste Martinez e que foi ao ar no dia 18 de outubro de 2015, domingo, das 8 às 9 h, transmissão ao vivo Rio Una FM 87,9 desfrutamos o texto : Perfumes da terra de Clarice Lispector


Os perfumes da terra


Já falei do perfume do jasmin? Já falei do cheiro do mar. A terra é perfumada. E eu me perfumo para intensificar o que sou. Por isso não posso usar perfumes que me contrariem. Perfumar-se é uma sabedoria instintiva. E como toda arte, exige algum conhecimento de si própria. Uso um perfume cujo nome não digo: é meu, sou eu. Duas amigas já me perguntaram o nome, eu disse, elas compraram. E deram-me de volta: simplesmente não eram elas. Não digo o nome também por segredo: é bom perfurmar-se em segredo.

Clarice Lispector

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Vídeo sobre o texto: Declaração de Amor de Clarice Lispector


Na 369° edição do Alacazum Palavras Para Entreter apreciamos a leitura do texto: Declaração de Amor de Clarice Lispector

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Um homem feliz, de Clarice Lispector



Na 366° edição do Alacazum Palavras Para Entreter, apresentado pela escritora e locutora Celeste Martinez e que foi ao ar no dia 31 de agosto de 2014 das 8 às 9 h, transmissão ao vivo Rio Una FM 87,9 apreciamos, novamente, outra crônica da Clarice Lispector, intitulada: Um homem feliz, retirado do livro: A descoberta do mundo.

Um homem feliz


Um dia desses tomei um táxi e acendi um cigarro. Ao primeiro sinal de parada de luz vermelha, o chofer me disse:

- A senhora quer ter a gentileza de me emprestar seus fósforos?

Estendi-lhe a caixa, e quando a devolveu, antes que ele disesse alguma coisa, falei distraidamente por hábito:

- De nada.

E ele:

- Eu ainda não tinha agradecido. Por que é que a senhora disse " de nada " ?

- Ah, não tem importância.

- Me desculpe, mas tem importância. A senhora devia ter esperado que eu dissesse " muito obrigado " e depois é que a senhora ia responder " de nada ".


- Não importa, disse eu um pouco surpreendida.

Mas importava sim. Seu tom, ao ter falado, era o de um homem que defende leis que foram violadas. Era como se ele tivesse caído em terreno perigoso. Olhei-o melhor: e vi quanto aquele homem era pouco livre e como ele precisava sentir-se preso, e aos outros também. Tentei então uma doçura que o suavizasse, e, mais pela entonação da voz que por meio das palavras, eu lhe disse:

- De verdade, moço, não tem mesmo importância...

Mas ele insistiu duro:

- De outra vez a senhora espere que lhe agradeçam.

Nada mais havia a fazer, além do que eu também estava um pouco irritada. Até o fim da corrida não dissemos mais nada. E se há um silêncio mudo era aquele.


Clarice Lispecto, em A descoberta do mundo