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quinta-feira, 21 de abril de 2016

Oração de Aninha ( aos moços ) de Cora Coralina


Na 440° edição do programa radiofônico Alacazum Palavras Para Entreter, apresentado pela escritora Celeste Martinez, que foi ao ar no dia 6 de março de 2016, das 8 às 9 h, transmissão ao vivo Rio Una FM 87,9 apoio cultural: Jornal Valença Agora, Colégio Social e Pizzaria Os Martinez. O tema versou sobre: O dia internacional da mulher. Apreciamos o poema: Oração de Aninha ( aos moços ) de Cora Coralina.


Oração de Aninha ( aos moços )

Eu sou aquela mulher
a quem o tempo
muito ensinou.
Ensinou a amar a vida.
Não desistir da luta.
Recomeçar na derrota.
Renunciar a palavras e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos.
Ser otimista.

Creio numa força imanente
que vai ligando a família humana
numa corrente luminosa
de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana.
Creio na superação dos erros
e angústias do presente.

Acredito nos moços.
Exalto sua confiança,
generosidade e idealismo.
Creio nos milagres da ciência
e na descoberta de uma profilaxia
futura dos erros e violências
do presente.

Aprendi que mais vale lutar
do que recolher dinheiro fácil.
Antes acreditar do que duvidar.

*Cora Coralina

Retirado do site: http://casadafilosofiaclinica.blogspot.com.br/2013/10/ofertas-de-aninha-aos-mocos.html


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Na 377° edição do Alacazum Palavras Para Entreter


Na 377° edição do Alacazum Palavras Para Entreter, apresentação da escritora e locutora Celeste Martinez, que foi ao ar no dia 16 de novembro de 2014, das 8 às 9 h , transmissão ao vivo 87,9 Rio Una FM, apreciamos a poesia de Cora Coralina.


Aquela gente, antiga,
passadiça, era assim:
severa, ralhadeira.
Não poupava as crianças.
Mas, as visitas...
- Valha-me Deus!
as visitas...
como eram queridas,
recebidas, estimadas!
Conceituadas, agradadas!
Era gente super-enjoada.
Solene, empertigada.
De velhas conversas
que davam sono.
Antiguidades.

Cora Coralina

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Na 267° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER

Na 267° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 13 de maio de 2012 das 8 às 9 da manhã de domingo, transmissão Rio Una FM 87,9 apreciamos na abertura do programa a poesia: Mãe Didi de Cora Coralina, contida no livro: Meu livro de cordel.


Mãe Didi

Alguns perguntam pela minha vida, pelo embrião primário,
de como veio e se encontrou comigo a minha poesia,
a presença primeira do meu primeiro verso; eu respondo:
Ela cascateia há milênios.
Minha Poesia... Já era viva e eu, sequer nascida.
Veio escorrendo num veio longínquo de cascalho.
De pedra foi o meu berço.
De pedras têm sido meus caminhos.
Meus versos:
pedras quebradas no rolar e bater de tantas pedras.
Dura foi a vida que me fez assim. Dura, sem ternura.
Dolorida sem sentir a dor.
Ausente sem sentir a ausência.
Distante tateando na distância.
Tudo cruel. Todos cruéis.
Impiedosos.
Em torno, o abandono.
Aninha, a menina boba da casa.
Foi uma ex-escrava que me amamentou no seu seio fecundo.
Eram seus braços prazenteiros e generosos que me erguiam, ainda rastejante, e Aninha adormecia, ouvindo
estórias de encantamento.
Minha madrinha Fada...
Eu era Aninha Borralheira.
Era ela que me tirava da cinza
e me calçava sapatinhos de cristal.
Me vestia. Me carregava na Procissão.
Eu adormecia na cadeirinha de seus braços.
E sonhava que era um anjo de verdade
aconchegada na nuvem macia de seu xaile.
Toda a melhor lembrança da minha puerícia distante está ligada a essa antiga escrava.
Na tarde da minha vida assento o seu nome na pedra rude do meu verso: Mãe Didi.
Para você, Mãe Didi, está página sem brilho
do meu Livro de Cordel.

Cora Coralina

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Meu destino de Cora Coralina



Na 196° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 07 de novembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM, apreciamos o poema: Meu destino de Cora Coralina.


Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes
– íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida...
Corri ao teu encontro.
Sorri.
Falamos.
Esse dia foi marcado com a pedra brancada cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamosjuntos pela vida...