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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Crônica cotidiana de Celeste Martinez

 Postada na página do Facebook no dia 4 de junho de 2017

Crônica cotidiana de Celeste Martinez

Abro os olhos.
Amanheceu novamente.
O cérebro, imediato diz: sábado.
Como relâmpago uma lista de atividades passa, apitando rotinas.
Mesmo da cama, olho para a janela inda fechada. Hoje, o amigo Sol, se intimidou com a mamãe chuva e escondeu-se por trás do horizonte, deixando apenas alguns dos seus longos dedos descobertos.
Escuto a precipitação, através da vibração que caí por sobre a pitangueira no quintal e em cima do toldo. Levanto-me. Abro a janela. Meus olhos não são magoados com a intensidade da luz. Esta manhã, é só cinza. Retorno para cama. Ainda estou dentro do prazo de não fazer nada. Deito-me. Espreguiço-me.
Escuto os pássaros que chegam, alertando-me com seus gritos-cantos, que é hora de ofertá-lhe a fruta. Quase sempre, bananas. Continuo na cama. Mais a insistência do Bem-te-vi, aflige-me. Penso: está com fome. Saio da cama. Desco as escadas. Abro a janela que dá cesso aos pássaros.
Quando busco o alimento, cadê?
Havia terminado. Só uma tímida goiaba, pousada no prato. Lavo, parto-a ao meio e deposito na plataforma que fiz para esta finalidade.
Não tenho mais vontade de voltar para cama. Sento alí mesmo perto da mesa e aguardo os pássaros. Gosto de observá-los comendo e analisar seus comportamentos e as hierarquias estabelecidas.
Chega o ousado Sabiá-Laranjeira, todo prosa. Sempre o primeiro. Encara-me. Ele sabe, que eu estou alí, espreitando-o. Lança sobre mim o pontudo olhar. Vê a goiaba e nem dá bola. Voa. Que estranho. Logo o Sabiá- Laranjeira, tão comilão.
Agora é a vez do Bem-te-vi.
Primeiro, pousa na roseira, depois pula para pitangueira. Um tempinho olhando para um lado e para o outro. Encara a goiaba apenas e depois vai embora.
Aguardo mais um pouco, até que outros pássaros, apareçam. Chega o guriatã, sanhaço cinzento, sanhaço pardo, sanhaço de fogo, sanhaço escarlate, a fêmea do tiê sangue, o curió. Todos se recusam a comer a goiaba.
O que está acontecendo com os pássaros ?
Ou será com a goiaba?


Celeste Martinez


Valença, Bahia, 20 de maio de 2017

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Crônica cotidiana de Celeste Martinez

Publicada no Facebook no dia 1 de junho de 2017

Por várias vezes, sempre que transito, motorizada, direção ao centro da cidade de Valença Bahia e se aproxima à rua Juvêncio de Rezende, cruzamento com a rua Raul Malbisson, bairro São Félix, o fluxo de automóveis trava.
Devido a maior mobilidade da motocicleta, escapo pelo caminho do meio, com aquela alegria de ter tirado vantagem da minha astúcia, entretanto quando alcanço a Ponte Luis Eduardo Magalhães e olho para o outro lado, sentido Ponte Inocêncio Galvão de Queiroz, frusto-me. Não existe mais engarrafamento.
Penso: da próxima vez , vou bisbilhotar o que provoca, esta parada súbita naquele trecho. Esqueço.
Repito a ação de fugir pela tangente e só na ponte, novamente, é que vou lembrar.
Escrevo esta crônica para avivar algum detalhe desta vivência no trânsito, já que esqueço de lembrar em trânsito.
Será o transporte coletivo?
Será desembarque de mercadorias?
Será motorista conversando com alguém?
Será cortejo fúnebre?
Acidente?
Um trator em ritmo tartaruga?
Será um imprudente motorista que segue em marcha lente conversando no celular?
Ou será a minha impaciência em querer ganhar tempo?
As vezes a gente, de tão envolvida com o corre-corre da rotina, estabiliza na mente um cronômetro que regula todas as nossas ações em função do capital.
A sensação é de que estamos perdendo tempo como se o tempo fosse um líquido que perdido não se contabiliza mais.
O tempo, no entanto é uma enorme redoma que cobre a humanidade com diferentes temperaturas em algumas regiões mas com a mesma dimensão de eternidade.
Nós, com a falácia de que tempo é ouro, modificamos o nosso bio-ritmo, ultrajando o tempo humano de vivências em detrimento da exigência de funcionamento de consumo da máquina capital.
Estamos em um ritmo que não condiz com a nossa capacidade material de mobilização. Por isso, minha frustação, todas as vezes que escapo pela tangente no intuito de ganhar tempo, não resulta em ganhos. Automóveis, foram feitos para encurtar distâncias mais resultaram em aglomerações de latarias, que pertubam constantemente a nossa locomoção, no trânsito.

Valença, Bahia, 12 de maio de 2017 Celeste Martinez

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Crônica de Celeste Martinez



Na 395° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER apresentado pela escritora pedagoga e locutora Celeste Martinez que foi ao ar no dia 22 de março de 2015 das 8 às 9 h transmissão ao vivo Rio Una FM 87,9 apreciamos a crônica de Celeste Martinez.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Crônica de Celeste Martinez



Na 388° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER apresentado pela escritora Celeste Martinez no dia 1 de fevereiro de 2015, das 8 às 9 h transmissão ao vivo Rio Una FM 87,9, abrindo o mês dedicado ao diálogo com os parceiros culturais, contamos com a presença da professora Leonor Porto- coordenadora do ensino fundamental I do Colégio Social- parceiro cultural do Alacazum. A entrevista foi permeada com a leitura da crônica escrita pela escritora e apresentadora do programa radiofônico ALACAZUM. Aprecie!

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Primavera de Celeste Martinez

Na 319° edição do Alacazum palavras para entreter que foi ao ar no dia 22 de setembro de 2013, das 8 às 9 h da manhã de domingo, transmissão ao vivo 87,9 Rio Una FM cujo tema: Primavera, apreciamos a leitura da crônica de Celeste Martinez por ela mesma.

A crônica de hoje é para apresentar uma ilustre visitante que chegou a nossa cidade. Pontualidade britânica. Disse que viria sexta-feira, dia vinte e três de setembro às seis horas e seis minutos e cumpriu.
Mandou aviso ao poder judiciário, ao poder executivo e legislativo. Anunciou ao departamento de polícia civil e militar, tiro de guerra e guarda municipal. Enviou mensagem ao Jornal Valença Agora e a emissora de rádio Rio Una FM 87,9. 

 O número de malas que trouxe foi suficiente para comportar noventa vestidos. Um para cada dia em que permanecerá na cidade. Detesta repetir roupa. Um repertório diferente a cada manhã. Dizem os antigos acostumados a vê-la que mudou muito. Deve ser influência de La niña, acrescentou um sábio da cidade. E isso foi suficiente para que alguns céticos-que convivem entre nós - cogitasse que seria uma péssima idéia a sua vinda. Entretanto uma revista de renome acostumada a fazer sérias revelações, anunciou que justamente no momento em que ela desembarcou tanto o hemisfério sul quanto o hemisfério norte receberam a mesma quantidade de energia solar. Não importa o que digam contra ela. Existem muito mais adjetivos em seu louvor: encantadora, iluminada, perfumada, elegante, alegre.

Quando a vislumbramos esta manhã, trajava elegante e refinado vestido de flores, que fora bordado por sua mãe. Incrível! Acredite ou não prefere andar descalço. De preferência pelos campos e praias. E se tem sol, melhor.

Todas as crianças em idade escolar ficaram felizes em revê-la É bela demais! Vem de uma descendência em que todas são divinamente privilegiadas pela boniteza. Poetas, músicos, pintores, já lhe renderam homenagem. Até os pássaros cantam em seu louvor quando ela passa.

Eu a conheço de longas primaveras.

E você, já a viu?

E você, sabe o nome dela?

Esta manhã, a cidade de Valença Bahia amanheceu muito, muito mais bonita. Tudo por que ela chegou. Não vem de agora essas visitas. E foram tão bem acolhidas que os antigos em sua homenagem trocaram a designação “fazer aniversario” por: “Completar uma nova primavera”

Eu escuto e nada falo.

Mas a PRIMA VERA, jura que é verdade.

Celeste Martinez, escritora e apresentadora do Alacazum palavras para entreter