quinta-feira, 1 de junho de 2017

Crônica cotidiana de Celeste Martinez

Publicada no Facebook no dia 1 de junho de 2017

Por várias vezes, sempre que transito, motorizada, direção ao centro da cidade de Valença Bahia e se aproxima à rua Juvêncio de Rezende, cruzamento com a rua Raul Malbisson, bairro São Félix, o fluxo de automóveis trava.
Devido a maior mobilidade da motocicleta, escapo pelo caminho do meio, com aquela alegria de ter tirado vantagem da minha astúcia, entretanto quando alcanço a Ponte Luis Eduardo Magalhães e olho para o outro lado, sentido Ponte Inocêncio Galvão de Queiroz, frusto-me. Não existe mais engarrafamento.
Penso: da próxima vez , vou bisbilhotar o que provoca, esta parada súbita naquele trecho. Esqueço.
Repito a ação de fugir pela tangente e só na ponte, novamente, é que vou lembrar.
Escrevo esta crônica para avivar algum detalhe desta vivência no trânsito, já que esqueço de lembrar em trânsito.
Será o transporte coletivo?
Será desembarque de mercadorias?
Será motorista conversando com alguém?
Será cortejo fúnebre?
Acidente?
Um trator em ritmo tartaruga?
Será um imprudente motorista que segue em marcha lente conversando no celular?
Ou será a minha impaciência em querer ganhar tempo?
As vezes a gente, de tão envolvida com o corre-corre da rotina, estabiliza na mente um cronômetro que regula todas as nossas ações em função do capital.
A sensação é de que estamos perdendo tempo como se o tempo fosse um líquido que perdido não se contabiliza mais.
O tempo, no entanto é uma enorme redoma que cobre a humanidade com diferentes temperaturas em algumas regiões mas com a mesma dimensão de eternidade.
Nós, com a falácia de que tempo é ouro, modificamos o nosso bio-ritmo, ultrajando o tempo humano de vivências em detrimento da exigência de funcionamento de consumo da máquina capital.
Estamos em um ritmo que não condiz com a nossa capacidade material de mobilização. Por isso, minha frustação, todas as vezes que escapo pela tangente no intuito de ganhar tempo, não resulta em ganhos. Automóveis, foram feitos para encurtar distâncias mais resultaram em aglomerações de latarias, que pertubam constantemente a nossa locomoção, no trânsito.

Valença, Bahia, 12 de maio de 2017 Celeste Martinez

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