quinta-feira, 6 de maio de 2010

O cágado e o Teiú





Na 173° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 02 de maio de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM, apreciamos o conto: O cágado e o Teiú.



Foi uma vez uma onça que tinha uma filha. O teiú queria casar com ela e o amigo cágado também. O cágado, sabendo da pretensão do outro, disse em casa da onça que o teiú para nada valia e que até era o seu cavalo. O teiú, logo que soube disto, foi à casa da comadre onça e asseverou que ia buscar o cágado para ali e dar-lhe muita pancada á vista de todos e partiu.
O cágado, que estava em casa, quando o avistou de longe, correu para dentro e amarrou um lenço na cabeça, fingindo que estava doente. O teiú chegou na porta e o convidou para darem um passeio em casa da amigo onça; o cágado deu muitas desculpas dizendo que estava doente e não podia sair de pé naquele dia. O teiú teimou muito: ‘Então, disse o cágado, você me leva montado nas suas costas”. ‘Pois sim, respondeu o teiú, mas há de ser até longe da porta da amiga onça”. “Pois bem, mas você há deixar eu botar o meu canquinho de sela, porque assim em osso é muito feio. O teiú se maçou muito e disse: “Não, que eu não sou seu cavalo”. “ “Não é por ser meu cavalo, mas é muito feio”. Afinal o teiú consentiu. “Agora, disse o cágado, deixe botar minha brida”. Novo barulho do teiú e novos pedidos e desculpas do cágado, até que consegiu pôr a brida no teiú e munir-se do magoal, esporas, etc. Partiram; quando chegaram em um lugar muito longe da casa da onça, o teiú pediu ao cágado que descesse e tirasse os arreios, senão era muito feio para ele ser visto servindo de cavalo. O cágado respondeu que tivesse paciência e caminhasse mais um bocadinho, pois estava muito incomodado e não podia chegar a pé. Assim foi ganhando o teiú até a porta da casa da onça, onde ele meteu-lhe o magoal e as esporas a valer. Então gritou para dentro de casa: “Olha, eu não disse que o teiú era meu cavalo? Venham ver” Houve muita risada e o cágado, vitorioso, disse à filha da onça:
“Ande, moça, monte-se na minha garupa e vamos casar”. Assim aconteceu com grande vergonha para o teiú.



Sílvio Romero, “Contos Populares do Brasil”. Retirado do livro: Contos tradicionais do Brasil de Luís da Câmara Cascudo.
Este livro utilizado pelo ALACAZUM faz parte do KIT PONTO DE LEITURA conquistado pelo ALACAZUM quando do I CONCURSO PONTOS DE LEITURA 2008:HOMENAGEM A MACHADO DE ASSIS DO GOVERNO FEDERAL.

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