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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Crônica cotidiana de Celeste Martinez

 Postado em minha página no Facebook, dia 11 de junho de 2017


Crônica cotidiana de Celeste Martinez

A míni biblioteca, estava lá, aguardando-me, para arrumá-la. E eu, postergando.
Acontece que iniciei esta atividade, faz dois meses ou mais. Pego um livro aqui, outro acolá e eis que “aquele dito cujo” que a tua cabeça naquele exato instante sinala que você não leu, obriga-te a parar. Sentar só um pouquinho para ler a orelha, entrar pelo corpo de mansinho.
E quando vejo-me estou novamente lendo Madame Bovary de Gustave Flaubert, depois Bachelard, Borges, João do Rio, Lima Barreto.
Hoje, manhã de domingo, é um excelente dia para esta tarefa. Prometo que desta vez, vou demonstrar total desprezo por todos eles, até os antipáticos didáticos.
Fui à estante onde perfilam juntinhos, 18 volumes da Enciclopédia Barsa. Estes, foram conquistas, juntamente com mais quatrocentos e tantos outros, parte do Edital Pontos de Leitura em homenagem a Machado de Assis, Promovido pelo Governo Federal, através do MinC, no ano de 2008, que concorri com o Alacazum. Quando o caminhão bateu à minha porta eu estava na casa da minha mãe e o vizinho que sabia o número do meu telefone, avisou-me. Nem acreditava nos 600 volumes que chegaram. Entre eles a Barsa. Fiquei com tanto medo na época que me roubassem que fui até o Banco, para assegurá-los. Mais acontece que não existe seguros contra roubo de livros. Todos riram da minha cara. Dormir por várias noites na Biblioteca com medo que os roubassem. Até hoje , “ Só a menina que roubava livros” e esta é uma história muito triste.
Pesados, capa dura, quantos conhecimentos guardados.
Para quê?
A tecnologia, atualmente nos deu a enciclopédia eletrônica- wikipédia- escrita a mil mãos.
Ninguém mais acredita na fonte da Barsa. Recordo agora que em uma edição do Alacazum eu esqueci desta tal tecnológia ambulante e fui pesquisar na Barsa. No dia que o programa foi ao ar e fiz a pergunta fui contestada com outra resposta. Não convergia com os meus dados. Evidente. O movimento. A atualidade é dinâmica. Cair em apuros.
Estou passando um felpuldo pano sobre sua capa, um por um. Olho o relógio, quase 14 h. Hora de parar para fazer o almoço. Novamente deixo os livros sozinhos e saío da míni biblioteca. E quando vejo: A Poética do Devaneio, de Bachelard, agarrado à minha saia. Desculpe-me, desta vez foi ele que acenou para mim. 


Valença, Bahia, 11 de junho de 2017

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Milonga de dos Hermanos de Jorge Luis Borges


Na 410° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER , apresentado pela escritora Celeste Martinez e que foi ao ar no dia 5 de julho de 2015, das 8 às 9 h, transmissão ao vivo Rio Una FM, 87,9, desfrutamos de três gêneros musicais: tango, fado e rock. Foram selecionadas as seguintes músicas: That 's All Right Mama com Elvis Presley; Caminito, na divina voz de Carlos Gardel e Gingao com Amália Rodrigues. Foram selecionados também os seguintes poemas: Milonga de dos hermanos de Jorge Luis Borges, na voz do mesmo autor; O menino dos “ff “ e “ rr” poema de Cecília Meireles na voz de Paulo Autran e Para ser grande, sê inteiro de Fernando Pessos, na voz de Pedro Paulo Gill.

Milonga de dos Hermanos de Jorge Luis Borges


Traiga cuentos la guitarra
de cuando el fierro brillaba,
cuentos de truco y de taba,
de cuadreras y de copas,
cuentos de la Costa Brava
y el Camino de las Tropas.

Venga una historia de ayer
que apreciarán los más lerdos;
el destino no hace acuerdos
y nadie se lo reproche
ya estoy viendo que esta noche
vienen del Sur los recuerdos.

Velay, señores, la historia
de los hermanos Iberra,
hombres de amor y de guerra
y en el peligro primeros,
la flor de los cuchilleros
y ahora los tapa la tierra.

Suelen al hombre perder
la soberbia o la codicia:
también el coraje envicia
a quien le da noche y día
el que era menor debía
más muertes a la justicia.

Cuando Juan Iberra vio
que el menor lo aventajaba,
la paciencia se le acaba
y le fue tendiendo un lazo
le dio muerte de un balazo,
allá por la Costa Brava.

Así de manera fiel
conté la historia hasta el fin;
es la historia de Caín
que sigue matando a Abel.

Lee todo en: Milonga de dos hermanos - Poemas de Jorge Luis Borges http://www.poemas-del-alma.com/milonga-hermanos.htm#ixzz3houfqKkg

domingo, 25 de maio de 2014

A câmara das estátuas de Jorge Luis Borges

Na 352° edição do Alacazum Palavras para Entreter, apresentação da escritora e locutora Celeste Martinez e que foi ao ar no dia 25 de maio de 2014, das 8 às 9 h da manhã de domingo, transmissão ao vivo 87,9 Rio Una FM, cujo tema: Escritores e poetas que perderam a visão; apreciamos o conto: A câmara das estátuas de Jorge Luis Borges, retirado do livro: Historia Universal de la Infamia, Alianza Editorial

A câmara das estátuas

Nos primeiros dias, havia no reino dos andaluzes, uma cidade em que residiram seus reis e que tinha por nome Lebtit ou Ceuta ou Jaén. Havia um forte castelo na cidade, cuja porta de dois batentes não era para entrar nem para sair, senão para que permanecesse fechada. Cada vez que um rei falecia e outro rei herdava seu altíssimo trono, este, acrescentava com suas mãos uma fechadura nova na porta, até alcançar vinte e quatro fechaduras por cada rei. Aconteceu então, que um malvado homem, que não era da casa real, se apropriou do poder e em lugar de acrescentar uma fechadura, quis que as vinte e quatro anteriores fossem abertas para olhar o interior daquele castelo. O visir e os emis, suplicaram que não fizesse tal coisa e lhe esconderam o chaveiro de ferro e lhe disseram que colocar uma fechadura era mais fácil que forçar vinte e quatro. Porém, ele, repetia com maravilhosa astúcia: " Eu quero examinar o interior deste castelo". Então lhe ofereceram quantas riquezas podiam acumular, em rebanhos, em ídolos cristãos, em prata e outo, porém, ele, não quis desistir e abriu a porta com sua mão direita - que arderá para sempre- Dentro estavam desenhados os árabes em metal e em madeira, sobre seus rápidos camelos e potros com turbantes que ondeavam sobre a espalda e foices suspensas em couros e a direita, lança na esquerda. Todas as figuras eram fantasmas e projetavam sombras no piso e um cego podia reconhecê-las mediante o tato. E as patas dianteiras dos camelos não tocavam o solo e não caiam como se estivessem alçados. Grande espanto causaram no rei estas primorosas figuras e  ainda mais, a ordem e o silêncio excelente que se observava nelas, porque todas olhavam para o mesmo lado, que era o poente e não se ouvia nem uma voz, nem clarín. Isso havia na primeira câmara do castelo.
Na segunda estava a mesa de Solimán, filho de Davi - seja para os dois a salvação - talhada em uma só pedra esmeralda, cuja cor, como se sabe,é verde, e cujas propriedades escondidas são indescritíveis e autênticas, porque serena as tempestades, mantem a castidade de seu portador, afugenta a disenteria e os maus espíritos, decide favoravelmente em litigio e é de grande socorro nos partos.
Na terceira, acharam dois livros: um era negro e ensinava as virtudes dos metais e dos talismãs e dos dias assim como a preparação de venenos e de contra- venenos; o outro, era branco e não se pode decifrar a sua ensinança  embora a escritura  fosse clara.
Na quarta, encontraram um mapa mundi, onde estavam os reinos, as cidades, os mares, os castelos e os perigos, cada qual com seus nomes verdadeiros e com sua precisa figura.
Na quinta, encontraram um espelho em forma circular, obra de Sulimán, filho de Davi - seja para os dois, a salvação - cujo preço era muito , pois estava feito de diversos metais e quem se mirava em sua lua via os rostos de seus pais e de seus filhos desde o primeiro Adão até os que escutaram a trombeta. 
A sexta, estava cheia de elixir, o que bastava um só adarme para trocar três mil onças de prata em três mil onças de ouro.
A sétima, lhe pareceu vazia e era tão larga que o mais hábil dos arqueiros houvesse disparado uma flecha desde a porta sem conseguir clavá-la no fundo. Na parede final viram gravada uma inscrição terrível. O rei, a examinou e compreendeu. Dizia o seguinte:
Se alguma mão abre a porte deste castelo, os guerreiros de matal da entrada, se adentrarão ao reino.
Estas coisas aconteceram no ano 89 da hégira. Antes que chegasse a seu fim, Tárik, se apropriou desta fortaleza derrotou esse rei e vendeu suas mulheres e filhos e desolou suas terras. Assim se foram afastando os árabes do reino de andaluzia, com sua figueiras e pradarias regadas em que não se sofre de sede. A respeito dos tesouros, é fama que Tárik, filho de Zaid, os enviou ao Califa, seu senhor que os guardou em uma pirâmide.

Do livro: as 1001 noites. Noite 272. Jorge Luis Borges

domingo, 19 de janeiro de 2014

Na 334° edição do Alacazum palavras para entreter


Na 334º edição do Alacazum palavras para entreter que foi ao ar no dia 5 de janeiro de 2014, das 8 às 9 h da manhã de domingo, transmissão ao vivo 87,9 Rio Una FM, cujo tema: Sonho, apreciamos o texto: Os dois que sonharam de Jorge Luis Borges, retirado do livro: Historia Universal de la infâmia.

 El historiador arábigo El Ixaquí refiere este sucesso:

“Cuentan los hombres dignos de fe ( pero solo Alá es omnisciente y poderoso y misiricordioso y no duerme ), que hubo em El Cairo um hombre poseedor de riquezas, pero tan magnánimo y liberal que todas lãs perdió menos la casa de su padre, y que se vio forzado a trabajar para ganar-se el pan. Trabajó tanto que el sueño lo rindió uma noche debajo de uma higuera de su jardín y vio em el sueño um hombre empapado que se saco de la boca uma moneda de oro y Le dijo: “ Tu fortuna está em Persia, em Isfaján; vete a buscarla”. A la madrugada siguiente se desperto y emprendió el largo viaje y afrontó los peligros de los desiertos, de lãs naves, de los piratas, de los idólatras, de los rios, de lãs fieras e de los hombres. Llegó al fin a Isfaján, pero em el recinto de esa ciudad lo sorprendió la noche y se tendió a dormir em el pátio de uma mezquita. Había, junto a la mezquita, uma casa y por el decreto de Dios Todopoderoso, uma pandilla de ladrones atavesó la mezquita y se metió em la casa, y lãs personas que dormían se despertaron com ele estruendo de los ladrones y pidieron socorro. Los vecinos también gritaron, hasta que el capitán de los serenos de aquel distrito acudió com sus hombres y los bandoleros huyeron por la azotea. El capitán hizo registrar la mezquita y em Ella dieron com el hombre de El Cairo, y Le menudearon tales azotes com varas de bambu que estuvo cerca de la muerte. A los dos dias recobro el sentido em la cárcel. El capitán lo mando buscar y Le dijo: Quién eres y cuál es tu pátria? El outro declaro “ Soy de la ciudad famosa de El Cairo y mi nombre es Mohamed El Magrebí”. El capitán Le preguntó: Qué te trajo a Persia? El outro opto por la verdad y Le dijo: Um hombre me ordeno em um sueño que viniera a Isfaján, porque ahí estaba mi fortuna. Ya estoy em Isfaján y veo que esa fortuna que prometió deben ser los azotes que tan generosamente me diste”.
Ante semejantes palabras, el capitán se rio hasta descubrir lãs muelas Del juicio y acabó por decirle: “ Hombre destinado y crédulo, três veces He soñado com uma casa em la ciudad de El Cairo em cujo fondo hay um jardín, y em el jardín um reloj de sol y después Del reloj de sol uma Higuera y luego de la higuera uma fuente, y bajo la fuente um tesoro. No He dado el menor crédito a esa mentira. Tú, sin embargo, engendro de uma mula com um demônio, hás ido errando de ciudad em ciudade, bajo la sola fe de tu sueño. Que no te vuelva a ver em Isfaján. Toma estas monedas e vete”
“ El hombre lãs tomo y regresó a la pátria. Debajo de la fuente de su jardín ( que era la Del sueño Del capitán) desenterro el tesoro. Así Dios Le Dio bendición y lo recompenso y exalto. Dios es el Generoso, el Oculto.

Del libro de lãs 1001 Noches, noche 351)

quarta-feira, 27 de março de 2013

Dica de Leitura

Na 295° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 25 de março de  2013 das 8 às 9 da manhã de domingo, transmissão ao vivo Rio Una FM 87,9 sugerimos como dica de leitura o livro: Ficções de Jorge Luis Borges.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Instantes de Jorge Luis Borges

Fica aqui o belíssimo poema de Jorge Luis Borges, genial escritor argentino para reflexão nesta transição de calendário.
INSTANTES

Si pudiera vivir nuevamente mi vida.
En la próxima trataría de cometer más errores.
No intentaría ser tan perfecto, me relajaría más.
Sería más tonto de lo que he sido, de hecho
tomaría muy pocas cosas con seriedad.
Sería menos higiénico.
Correría más riesgos, haría más viajes, contemplaría
más atardeceres, subiría más montañas, nadaría más ríos.
Iría a más lugares adonde nunca he ido, comería
más helados y menos habas, tendría más problemas
reales y menos imaginarios.
Yo fui una de esas personas que vivió sensata y prolíficamente
cada minuto de su vida; claro que tuve momentos de alegría.
Pero si pudiera volver atrás trataría de tener
solamente buenos momentos.
Por si no lo saben, de eso está hecha la vida, sólo de momentos;
no te pierdas el ahora.
Yo era uno de esos que nunca iban a ninguna parte sin termómetro,
una bolsa de agua caliente, un paraguas y un paracaídas;
Si pudiera volver a vivir, viajaría más liviano.
Si pudiera volver a vivir comenzaría a andar descalzo a principios
de la primavera y seguiría así hasta concluir el otoño.
Daría más vueltas en calesita, contemplaría más amaneceres
y jugaría con más niños, si tuviera otra vez la vida por delante.
Pero ya tengo 85 años y sé que me estoy muriendo.


INSTANTES

Se pudesse viver novamente a minha vida,
Na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido.
Na verdade, bem poucas coisas levariam a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
Viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
Subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
Tomaria mais sorvete e menos lentilha,
Teria mais problemas reais e menos imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu
Sensata e produtivamente cada minuto da sua vida.
Claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver,
Trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feito a vida:
Só de momentos - não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma
Sem um termômetro, uma bolsa de água quente,
Um guarda-chuva e um pára-quedas;
Se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
Começaria a andar descalço no começo da primavera
E continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
Contemplaria mais amanheceres
E brincaria com mais crianças,
Se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos
E sei que estou morrendo.

Jorge Luis Borges, faleceu no dia 14 de junho de 1986


terça-feira, 25 de maio de 2010

História dos dois que sonharam



Na 176° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que ocorreu no dia 23 de maio de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM apreciamos o belo conto de Jorge Luis Borges.
O historiador arábico o Xeique relata este fato:

“Contam os homens dignos de fé (porém só Alá é onisciente e poderoso e misericordioso e não dorme) que existiu no Cairo um homem possuidor de riquezas porém tão magnânimo e liberal que perdeu tudo, menos a casa de seu pai e que foi obrigado a trabalhar para ganhar o pão. Trabalhou tanto que o sonho o levou uma noite debaixo de uma figueira de seu jardim e viu no sonho um homem encharcado que retirou da boca uma moeda de ouro e lhe disse: tua fortuna está na Pérsia em Isfajan. Vai busca-la! Na madrugada seguinte despertou e iniciou uma longa viagem e enfrentou os perigos dos desertos, dos navios, dos piratas, dos idolátras, dos rios, das feras e dos homens. Chegou enfim a Isfajan mas no interior dessa cidade a noite o surpreendeu e se deitou a dormir no pátio de uma mesquita. Havia junto a mesquita uma casa e pelo decreto de Deus todo poderoso, uma quadrilha de ladrões atravessou a mesquita e entrou na casa e as pessoas que dormiam se despertaram com os ruídos dos ladrões e pediram socorro. Os vizinhos também gritaram até que o capitão dos guardas daquele distrito socorreu com seus homens e os bandidos fugiram pelo telhado. O capitão vasculhou a mesquita e encontrou o homem do Cairo e lhe aplicou tantas chicotadas com vara de bambu que ficou quase morto. Dois dias depois recuperou os sentidos no cárcere. O capitão mandou buscar e lhe disse: Quem é você e qual a sua pátria? O outro respondeu: Sou da famosa cidade do Cairo e meu nome é Mohamed Al Magrebi. O capitão lhe perguntou: O que te trouxe para Pérsia? O outro optou pela verdade e lhe disse: Um homem me ordenou no sonho que viesse a Isfaján por que aqui estava minha fortuna. Já estou em Isfaján e vejo que esta fortuna que prometeu deve ser os acoites que tão generosamente me deste.
Ante semelhantes palavras, o capitão riu. Riu bastante e disse:
Homem desatinado e crédulo, três vezes eu sonhei com uma casa na cidade do Cairo em cujo fundo há um jardim e no jardim um relógio de sol e depois do relógio de sol uma figueira e logo após a figueira uma fonte e abaixo da fonte um tesouro. Não dei ouvido a essa mentira. Tu, entretanto, subiu na garupa de um animal e saiu feito um demônio, vagou de cidade em cidade confiante no sonho. Não quero te ver mais em Isfaján. Toma estas moedas e vai!
O homem recebeu as moedas e partiu para sua pátria. Debaixo da fonte de seu jardim (que era a do sonho do capitão) desenterrou o tesouro. Assim Deus lhe abençoou, o recompensou e o exaltou. Deus é generoso, o oculto.

Jorge Luis Borges- História universal de la infâmia. Traduzido do espanhol para o português por Celeste Martinez
Historia de los dos que soñaron


El historiador arábigo El Ixaquí refere este sucesso:

“Cuentan los hombres dignos de fé (pero solo Alá es omnisciente y poderoso y misicordioso y no durme), que hubo en El Cairo um hombre poseedor de riquezas, pero tan magnânimo y liberal que todas las perdió menos la casa de su padre, y que se vio forzado a trabajar para ganarse el pan. Trabajó tanto que el sueño lo rindió uma noche debajo de uma higuera de su jardín y vio em el sueño um hombre empapado que se saco de la boca uma moneda de oro y le dijo: “ Tu fortuna está en Pérsia, em Isfaján; vete a buscarla”. A la madrugada siguiente se desperto y emprendió el largo viaje y afrontó los peligros de los desiertos, de las naves, de los piratas, de los idólatras, de los rios, de las fieras y de los hombres. Llegó al fin a Isfájan, pero en el recinto de esa ciudad lo sorprendió la noche y se tendió a dormir em el pátio de uma mezquita. Había, junto a la mezquita, uma casa y por el decreto de Dios Todopoderoso, uma pandilla de ladrones atravesó la mezquita y se metió en la casa, y las personas que dormían se despertaron com el estruendo de los ladrones y pidieron socorro. Los vecinos también gritaron, hasta que el capitán de los serenos de aquel distrito acudió com sus hombres y los bandoleros huyeron por la azotea. El capitán hizo registrar la mezquita y en ella dieron con el hombre de El Cairo, y lê menudearon tales azotes com varas de bambu que estuvo cerca de la muerte. A los dos dias recobro el sentido em la cárcel. El capitán lo mando buscar y le dijo: “ Quien eres y cuál es tu pátria?” El outro declaro: “Soy de la ciudad famosa de El Cairo y mi nombre es Mohamed El Magrebí”. El capitán le preguntó: “Qué te trajo a Pérsia?” El outro opto por la verdad y le dijo: “Um hombre me ordeno em um sueño que viniera a Isfaján, porque ahí estaba mi fortuna. Ya estoy em Isfaján y veo que esa fortuna que prometió deben ser los azotes que tan generosamente me diste”.
Ante semejantes palabras, el capitán se rio hasta descubrir las muelas del juicio y acabó por decirle: ”Hombre desatinado y crédulo, três veces he somado con una casa em la ciudad de El Cairo em cujo fondo hay um jardín, y em el jardín um reloj de sol y después del reloj de sol uma higuera y luego de la higuera una fuente, y bajo la fuente um tesoro. No he dado el menor crédito a esa mentira. Tu, sin embargo, engendro de uma mula con un demônio, hás ido errando de ciudad em ciudad, bajo la sola fé de tu sueño. Que no te vuelva a ver en Isfaján. Toma estas moneda y vete.”
El hombre las tomo y regresó a la pátria. Debajo de la fuente de su jardín ( que era la del sueño del capitán) desenterro el tesoro. Así Dios le dio bendición y lo recompenso y exalto. Dios es Generoso, el Oculto.


(Del Libro de la 1001 noches, noche 351)