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Em 1989 a literatura de José Mena Abrantes começa a mudar de forma. Ela assume a atmosfera de guerra na qual Angola vivia há tantos anos, e começa a caminhar para uma abordagem mais metafórica e menos aristotélica da vida. No outro lado do mar... e Amêsa são escritos nesse período. Textos que abrem mão do explicativo, propondo o mergulho profundo no "aceano noturno" dos sentidos. A guerra que acontece no mundo de fora é refletida no universo pessoal do autor, ganhando forma na sua dramaturgia.
Com o nascimento de Amêsa, espetáculo montado em 2008, a Cia de Teatro Gente, se propôs a ir mais fundo nesse encontro com a dramaturgia de Mena Abrantes, na busca por sentir melhor a vida na qual estamos inseridos hoje. Tivemos a oportunidade de experienciar, por alguns dias, em julho de 2009, a vida em Luanda. E, ao voltar para casa, refletimos sobre a nossa condição humana; sobre as tantas guerras que os homens e as mulheres do mundo atual enfrentam constantemente, sejam elas visíveis ou invisíveis; sobre a nossa ancestralidade; sobre nossas histórias.
E assim foi nascendo No outro lado do mar...
Esses dois espetáculos são a vivência artística que tive no meu processo de formação na Escola de Teatro. Por isso, resolvi, junto com a Cia, fechar minha temporada de formatura com uma apresentação de Amêsa.
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