sábado, 11 de setembro de 2010

A gralha enfeitada com penas de pavão

Na 187° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 05 de setembro de 2010, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 KHZ AM, apreciamos a seguinte fábula de Monteiro Lobato, retirado do livro: Sítio do Pica Pau Amarelo.


Como os pavões andassem em época de muda, uma gralha teve a ideia de aproveitar as penas caídas.
-Enfeito-me com ests penas e viro pavão!
Disse e fez. Ornamentou-se com as lindas penas de olhos azuis e saiu pavoneando por ali a fora, rumo ao terreiro das gralhas, na certeza de produzir um maravilhoso efeito.
Mas o trunfo lhe saiu às avessas. As gralhas perceberam o embuste, riram-se dela e enxotaram-na à força de bicadas.
Corria assim dali, dirigiu-se ao terreiro dos pavões pensando lá consigo:
-Fui tola. Desde que tenho penas de pavão, pavã sou e só entre pavões poderei viver.
Mau cálculo. No terreiro dos pavões coisa igual lhe aconteceu. Os pavões de verdade reconheceram o pavão de mentira e também a correram de lá sem dó.
E a pobre tola, bicada e esfolada, ficou sozinha no mundo. Deixou de ser gralha e não chegou a ser pavão, conseguindo apenas o ódio de umas e o desprezo de utros.

Amigos: lé com lé, cré com cré.

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