domingo, 13 de abril de 2008

A MORTE DE SARDANAPALO

Pintura de Eugéne Delacroix "A morte de Sardanapalo"

Amanhã
uma cega minoria
se erguerá ao amanhecer
e como viúvas negras
pelas ruas vazias desfilará.
Amanhã
os vermes das calçadas
mendigos descartáveis
crianças sem rótulos
colocarão sua meias-máscaras
rasgadas pela fome
e num gesto de súplica
agredindo a própria carne
se auto-mutilarão.
Amanhã
futuro que não chega
independente do Cristo
que se abre em redenção
fechará os braços
às cobaias deste tempo presente
Amanhã
o esquálido fazedor de mutantes
ressurgirá o suntuoso quadro de DELACROIX
"A MORTE DE SARDANAPALO"
e então
o amanhã
no hoje
será muito tarde.
Poema de Celeste Martínez do livro Valenciando- Antologia de escritores de Valença-Bahia-Brasil

Nenhum comentário: