sábado, 30 de janeiro de 2010

Na 163° edição do ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER


Na 163° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 24 de janeiro de 2010, transmissão pela Rádio CLube de Valença 650 KHZ AM apreciamos a belíssima poesia da escritora paulistana Betty Vidigal.
Olhar
Vou começar do começo:
em primeiro lugar,
um olhar, você sabe, não tem preço;
não é algo que se possa avaliar,
pagar com cartão credicard,
visa internacional, amex,
com um ou vários cheques,
cheque especial e coisa e tal.
Não insista:
um olhar não se compra
nem à vista.
O meu é meu e eu carrego
para onde vou:
cedo, empresto, dou,
entrego quando quero.
Deixando de lero-lero:
o meu olhar, como o Amor, é cego,
não escolhe com discernimento a quem se dar.
Um olhar é uma jóia em si:
não se troca por diamante nem rubi.
Como o Amor e a Justiça,
que vive sempre vendada e não vê nada,
mas leva espada e balança,
o meu olhar não se cansa
desses duelos de capa-e-espada
tipo folhetim – cada romance chinfrim!
“Entre les deux mon cœur balance” –
mas cada vez que o espadachim
descendo a escada de lance
em lance derruba um adversário,
percebo que a lança
é um mal necessário.
E voltando ao assunto,
olha: o meu olhar não vou vender,
eu sinto muito,
doa a quem doer.

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