domingo, 17 de agosto de 2008

Eles se vestem de negro

Eles se vestem de negro
São abutres
E a terra fede
Comem de tudo
Até os versos de Augusto dos Anjos

Com passos lentos
Pacientes
Eles seguem

Vão além dos ares decapitar frias vítimas para os seus atos.

A terra clama
Mas o que se revela é a hecatombe apocalíptica do cordeiro que a pouco existia.

Torna-se um grande deserto
A terra “hominis”
E o assobio entrecortado do vento desarma a esperança primitiva do amanhã.

Mas eis que de repente
Ressurge o verbo outrora morto.

Um homem.

Não,
Uma ave sideral aporta à superfície desértica do tempo
E depõem embriões provenientes de sua essência.

O sol estoura o cérebro – semente adormecida.

E ergue-se o homem
Não tem sexo ainda
Todavia caminha.

E em seu trajeto
Delicadas pegadas
Cicatrizes do amanhã
Sementes novas que vão brotando
VIOLETAS

JASMINS

MARGARIDAS

ROSAS

ANGÉLICAS

HORTÊNCIAS
.


Celeste Martinez - escritora (retirado do livro: Valenciando- Antologia de escritores de Valença - Bahia - Brasil

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