segunda-feira, 25 de agosto de 2008

SENHORA AVAREZA


Quando penso nas inúmeras atrocidades provocadas pela guerra e outras tantas barbaridades resultado do egoismo humano, só me resta elaborar o pensamentos em metáforas poéticas. E isto me fez lembrar um dos meus poemas, criado lá pela década de 1990, como um filme para repassar os perfis humanos e suas indumentárias. Fazendo-me crer insistentemente que a ÚNICA INSTITUIÇÃO DEMOCRÁTICA É A MORTE.

SENHORA AVAREZA
APRESENTO-TE A MAGRA
FAMINTA DE CORPOS
FAMINTA DE VIDAS.

SENHORA PREPOTÊNCIA
APRESENTO-TE A SERVA DE SI MESMA
A CEIFADORA DE CABEÇAS.


SENHORES MAGNATAS DA MULTIMÍDIA
APRESENTO-VOS A VIÚVA DA VIDA
A DAMA DAS MADRUGADAS
DAS RAJADAS DE SÓIS.


SENHORES DONOS DA IGNORÂNCIA
APRESENTO-VOS A FRIA HERDEIRA DO NADA
FILHA DO ABSURDO E DA COERÊNCIA
HERDEIRA DE TODAS AS CERTEZAS.


SENHORES ESCRAVOS DA VAIDADE
APRESENTO-VOS A ESTÁTUA DA LIBERDADE
PREDADORA DOS BONS E DOS MAUS.


SENHORES FASCISTAS
APRESENTO-VOS A MAIS CRUEL GUERREIRA DE TODOS OS TEMPOS
A ÚNICA QUE SABE DE TODOS OS PLANOS DO INIMIGO
AQUELA QUE SEMPRE ESTÁ A POSTOS NAS TRINCHEIRAS
A ÚNICA QUE NÃO PRECISA DE BOMBAS E DE MIGS
A ÚNICA QUE NÃO PRECISA DE ESTRATÉGIAS, DE ARTIFÍCIOS.


SENHORES AFANADORES DOS COFRES PÚBLICOS
APRESENTO-VOS A LADINA DO SILÊNCIO
CONDENSADORA DAS HORAS.


SENHORES REGULADORES DO FUTURO
MANIPULADORES DE MOLECULAS
JOGADORES FRENÉTICOS DA BIO-GÉNETICA
APRESENTO-VOS A MORTE.



Celeste Martinez - escritora
Retirado do livro: Valenciando- poesia e prosa: antologia de escritores de Valença- Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo, 2005.

Gravura: Gustave Doré

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