Modificando a linguagem
No departamento da linguística [...] outra equipe, ainda mais avançada, queria simplesmente extinguir as palavras para aumentar a vida média do homem. Cada vez que proferimos uma palavra, afirmavam seus membros, o ar sai dos pulmões e a vida se encurta. Com a extinção dos vocábulos, o homem deixaria de falar e viveria muito mais tempo. Como as palavras servem apenas para representar objetos, as pessoas passariam a levar numa bolsa reduzidas miniaturas dos elementos indispensáveis à conversação e as mostrariam simplesmente aos amigos, em vez de pronunciar palavras inúteis e encurtar tolamente a vida.
Esse projeto, exaustivamente discutido, apresentava ligeiro inconveniente: as pessoas ricas, donas de muitos objetos, precisariam carregar um número exagerado de miniaturas quando fossem visitar os amigos. O departamento de linguística, depois de várias reuniões, encontrou brilhante alternativa para o problema: ou os ricos contratariam empregados para carregar as miniaturas - o que não representaria qualquer problema- ou deixariam várias sacolas nas residências dos amigos mais íntimos, frequentadas, naturalmente, com mais regularidade.
Na opinião dos seus inventores, o novo sistema linguístico já teria sido adotado no mundo inteiro se houvesse mais empenho dos governadores, pois os objetos indispensáveis à vida são mais ou menos o mesmo em toda parte, e o moderno idioma acabaria certamente servindo de língua universal.
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