segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Não há vagas

O preço do feijão
não cabe no poema.
O preço do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema
o gás
a luz
o telefone
a sonegação do leite
da carne
do açúcar
do pão.


O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome.
Sua vida fechada em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerilha seu dia de aço e carvão
nas oficinas escuras.



- Por que o poema senhores,
está fechado: "NÃO HÁ VAGAS".
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço.

O poema senhores,
não fede
nem cheira.


Ferreira Gullar, escritor maranhense

2 comentários:

elescaramujo disse...

genial!! está en español? si no, haré el esfuerzo de traducirlo. merece ser leído en otras lenguas.
saludos Celeste! espero que sigas bien!

Anônimo disse...

ëxcelente, este é um texto que se remete aos funcionários públicos, onde se explicita a dura realidade em que vive a maioria das pessoas!!!muito bom, ao nosso mestre FERREIRA GULLAR, Parabéns.