domingo, 11 de maio de 2008

Penélope

A tecelã do meu destino
tece distraidamente uma colcha com fios de bruma
as vezes num desatino
desfaz o tecido sem razão alguma.

Talvez a agulha escorregue de seus dedos
talvez ela se fura e desiste, por medo
mas eu não vejo nada disso, só o degredo
do tecido à minha frente se desfazer sempre tão cedo.

Corro de volta o mais rápido que posso
do furacão de fios que vejo atrás de mim
é terrível a visão que tenho do fosso
penso tudo, mas me recuso a ver o fim

E quando estou balançando no último fio
prestes a me deixar cair lá embaixo, no rio
o serviço recomeça, estranhamente, tardio
e me força a andar o caminho, novamente, vazio.
Tatiele da Cunha Freitas - Uberlândia/MG

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