A Normalista, de Adolfo Ferreira Caminha
"João Maciel da Mata Gadelha, conhecido em Fortaleza por João da Mata, habitava, há anos, no Trilho, uma casinhola de porta e janela, cor de açafrão, com a frente encardida pela fuligem das locomotivas que diariamente cruzavam defronte, e de onde se avistava a Estação da linha férrea de Baturité. Era amanuense, amigado, e gostava de jogar víspora em família aos domingos.Nessa noite estavam reunidas as pessoas do costume. Ao centro da sala, em torno de uma mesa coberta com um pano xadrez, à luz parca de um candeeiro de louça esfumado, em forma de abajur, corriam os olhos sobre as velhas coleções desbotadas, enquanto uma voz fina de mulher flauteava arrastando as sílabas numa cadência morosa: — Vin...te e quatro! Sessen...ta e nove!... Cinqüen...ta e seis!...Havia um silêncio morno e concentrado em que destacava o rolar abafado das pedras no saquinho da baeta verde.A sala era estreita, sem teto, chão de tijolo, com duas portas para o interior da casa, paredes escorridas pedindo uma caiação geral. À direita, defronte da janela, dormia um velho piano de aspecto pobre, encimado por um espelho não menos gasto. O resto da mobília compunha-se de algumas cadeiras, um sofá entre as duas portas do fundo, a mesa do centro, e uma espécie de console, colocada à esquerda, onde pousavam dois jarros com flores artificiais."Leia o texto na íntegra
Carrilhões, de Murilo Araújo
"Ora afinal que vale a vida?... o mundo?— Quando, com riso desdenhoso e largo,combateste e venceste, o riso, ao fundoera talvez... era decerto amargo!
Forte! Agora sorri no teu letargofinal, com um riso plácido e profundomelhor que o riso desdenhoso e largo!Pois afinal que vale a vida?... o mundo?
Tão nobre, não sofreste entre mesquinhos?Não tinha abrolhos numa grande partedas palmas que colheste nos caminhos?
As rosas do triunfo na tua artesó agora são limpas dos espinhospara forrar-te o sono e coroar-te!"Leia o texto na íntegra
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