quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Literatura de Cordel

Celeste Martinez, apresentadora do ALACAZUM recitando os versos de cordel de Jacó Passarinho
Agora vou divertir,
Cantar fora do comum,
Canto brando e moderado,
Sem zoada e sem zunzum:
É oito, é sete, é seis, é cinco,
É quatro, é três, é dois, é um.

Graúna não é anum,
Farinha não é arroz,
Francisco não é Cazuza,
Agora não é depois...
É nove, é oito, é sete, é seis,
É cinco, é quatro, é três, é dois.
Só por serdes vós quem sois,
Falo no bom Português...
Vão desculpando algum erro,
Ao menos por esta vez...
É dez, é nove, é oito, é sete!
É seis, é cinco, é quatro, é três.
Faço o que nunca se fez!
Corre a fama e corre o boato
Deste meu falar moderno,
Brandinho, manso e pacato:
É onze, é dez, é nove, é oito,
É sete, é seis, é cinco, é quatro.
Todo nó-cego eu desato
Todo nó no dente eu trinco!
Cantador fica abestado,
De reparar como eu brinco:
É doze, é onze, é dez, é nove,
É oito, é sete, é seis, é cinco.
O home que rapa a croa
Ou é padre, ou frade ou Rêis...
Eu pra cantar nunca tive
Dia, semana, nem mês:
É treze, é doze, é onze, é dez,
É nove, é oito, é sete, é seis.
Jacó Alves Passarinho, cantador cearense, nascido em Mutamba, perto de Aracati. Livro Cantadores de Leonardo Mota.

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