... Muitas vezes a mentira hoje no mundo é mais poderosa que a verdade, (...) Ainda há no mundo outra coisa mais poderosa. E qual é? A necessidade, a pobreza, a fome, a falta do necessário para o sustento da vida, é o mais forte, o mais poderoso, o mais absoluto império, que despoticamente domina sobre todos os que vivem. Não há coisa tão dificultosa, tão árdua, tão repugnante à natureza, a que não obrigue, a que não renda, a que não sujeita, não por vontade, mas por força e violência, a duríssima e inviolável lei da necessidade. A necessidade é que leva o soldado à guerra e a escalar as muralhas, onde vendo cair uns a ferro e voar outros a fogo, avança contudo e não desmaia. A necessidade é que leva o soldado à guerra e a escalar as muralhas onde vendo cair uns a ferro e voar outros a fogo, avança, contudo e não desmaia. A necessidade é a que engolfa o marinheiro nas ondas do Oceano: elas com os naufrágios à vista e ele com tal ousadia, que metido dentro em quatro tábuas, se atreve a pelejar, não só com os ventos e tempestades, mas com todos os elementos. A necessidade é a que mete, ou precipita o mineiro ao mais profundo das entranhas da terra e sem temor que as mesmas montanhas, que tem sobre sim, caiam e o sepulta, ele lhe vai cavando as raízes e sangrando as veias. Finalmente com mais ordinário e geral desprezo da vida e da saúde, quem faz que o lavrador não tema os regelos do inverno, nem o segador as calmas ardentes do estio, nem o pastor os dentes do lobo e do urso e em muitas partes as unhas do leão e do tigre, senão as necessidades? E posto que uns e outros tantas vezes perecem em tão conhecidos perigos; a mesma necessidade com implicação manifesta da própria conservação, é a que para sustentar a vida os obriga a perder a mesma vida. Até o pobre e atrevido ladrão, que desde o primeiro passo, com que salteou os caminhos, começou a caminhar para a forca se ao pé dela lhe perguntam, quem o trouxe a tão miserável estado, responde com o laço na garganta, que a necessidade.
Un poema de María Paula Alzugaray
Há 2 meses
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