I
Tenho sonhos cruéis; n' alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...
Tenho sonhos cruéis; n' alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...
Saudade desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...
Porque a dor, esta falta d' harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d´agora,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d´agora,
Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.
Pessanha, Camilo. ‘Caminho'. Apud: Amora, Antonio Soares. Presença da Literatura Portuguesa. V. IV Simbolismo. São Paulo, DIFEL, 1969, pág. 77.
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