terça-feira, 18 de novembro de 2008

Nessa Ontoniel se lenhou

Ói, na moral, cê vai achar que é culhuda, mas certa feita, véspera de São João, tava eu mais Ontoniel, amigo-irmão meu, cumeno água num cacete armado defronte ao Mercado de Itapoã, sentados em dois tamboretes de junto do meio-fio.

Eu tava dando boas gaitadas com a ningrinhagem de Ontoniel, que inticava com um verdureiro, mangando do sujeito na maior descaração porque o tabuleiro das verduras tava todo troncho e armengado, com uns maxixes e uns tomates pecos espalhados por cima dos mói de coentro.

Por trás de Ontoniel, um vira-lata todo fuleiro tirava uma madorna.

Mas cê sabe que menino adora aprontar. Menino tem arte com o cão! Um desassuntado de um galeguinho carregador de feira colocou devagarinho uma bomba de junto do pobre do cachorro e ripou fogo! O vira-lata saiu picado e passou azuretado por baixo do tamborete de Ontoniel, que se desequilibrou e caiu de cabeça no buraco da boca-de-lobo, e ficou enganchado com a cara lá dentro.

Resultado: juntou gente como quê e foi o maior enxame pra desatolar o pobre coitado, que desmentiu os dois braços e ficou com caroara nas pernas e dor de espinjela caída. E ainda se retou quando o tal verdureiro fez:"ô, mais tá! Tinha mais é que se estrompar e lenhar com a boca toda pra mão ter mais como espalitar os dentes nem ficar ai se amostrando e xuetando dos outros!".


Dicionário de Baianês de Nivaldo Lariú

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