sábado, 11 de julho de 2009

As três irmãs do poeta



É noite! As sombras correm nebulosas.
Vão três pálidas virgens sileciosas
Através da procela irrequieta.
Vão três pálidas virgens...vão sóbrias
Rindo colar num beijo as bocas frias...

Na fronte cismadora do – Poeta –



“saúde, irmão! Eu sou a Indiferença.
Sou eu quem te sepulta a idéia imensa,
Quem no teu nome a escuridão projeta...
Fui eu que te vesti do meu sudário...
Que vais fazer tão triste e solitário?...”

− “Eu lutarei!” – responde-lhe o Poeta.



“Saúde, meu irmão! Eu sou a Fome.
Sou eu quem o teu negro pão consome...
O teu mísero pão, mísero atleta!
Hoje, amanhã, depois... Depois (que importa?)
Virei sempre sentar-me à tua porta...”

− “Eu sofrerei” – responde-lhe o Poeta.




“Saúde, meu irmão! Eu sou a Morte.
Suspende em meio o hino augusto e forte.
Marquei-te a fronte, mísero profeta!
Volve ao nada! Não sentes neste enleio
Teu cântico gelar-se no meu seio?!”

− “Eu cantarei no céu” – diz-lhe o Poeta!



Castro Alves


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