terça-feira, 7 de julho de 2009

O junco e o cipreste

Na 135° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 05 de julho de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM,homenageamos Castro Alves, que dia 06 de julho completou 138 anos de aniversário de morte.

Ao lúgubre cipreste em voz plangente

O junco melancólico dizia:

_ Que triste sorte a minha!

Ergui-me tão alegre e tão contente

Quando a alvorada vinha!

E já sem força e já sem energia

Curvo a cebeça...

E lânguido e sozinho

Sinto que vou morrer.

Ah! por que a sorte

Dando-te vida, só me guarda morte?

E o cipreste dizia:

- A dor foi sempre eterna,

Mas a fortuna só perdura um dia!

E o junco respondia:

Em ti simbolizaram a tristeza,

Em mim somente o anelo

Dos que no amor esperam.

Como é que nunca dobras a cabeça,

Nem a raiva das chuvas e dos ventos

A cor sequer te alteram?

Daqueles que de tudo deseperam

Para lembrar a lúgubre aflição,

Só existe uma cor, disse o cipreste...

E se jamais tu viste

Curvar minha folhagem para o chão

É que desprezo o mundo baixo e triste

E mergulho a cabeça na amplidão.

Castro Alves

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