A manhã ainda nua,
saiu da montanha
com a coroa de plumas
vermelhas à cabeça.
Depois, por sua vez,
é o dia Português
que salta das ondas
qual pássaro branco
ruflando a asa enorme
das velas redondas...
Por último é a Noite
africana que chega
no porão do navio,
tremendo de frio,
com os seus orixás,
com os seus amuletos,
e é trazida pra terra
nos ombros dos pretos.
E os heróis, ainda obscuros,
nascidos na Terra:
o gigante tostado
pelo sol da manhã;
o gigante marcado
com o fogo do Dia;
e o gigante criado,
com o leite da Noite,
todos três
calçam as botas sete-léguas
e era uma vez...
E a paroara, o caucheiro,
o matuto cearense;
valentões, pla ao ombro,
chilenas de prata
arrastadas no chão
com o barulho das botas;
topetudos de todos os naipes;
tabaréus, canhamboras,
cpangas, jagunços,
caborés, curimbabas,
piraquaras, caiçaras,
boiadeiros, laranjos,
canoeiros agrestes,
caboclos, cafuzos,
vararam a terra
pra Oeste, pro Sul
e pro Norte
Crianças do mato
brincando com a morte!
E o Brasil ficou sendo o que é, liricamente.
E o Brasil ficou tendo
a forma de uma harpa,
geograficamente.
E o Brasil é este poema
menino
que acontece na vida da gente.
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