-Você tem um olhar permissivo, disse.
- Você diz imoral?
O teu olhar permissivo diz:
Eu concedo que você me olhe
Que você aprecie meu sorriso
Que invente histórias sobre mim
Mas só no espaço da virtualidade.
Eu concedo que você me olhe
Que você aprecie meu sorriso
Que invente histórias sobre mim
Mas só no espaço da virtualidade.
O teu olhar
Que envolve permissão
Que insinua permissividade
Autoriza o desfrute
O deleite
Consente pousar o olhar “sobre”
Mas só no espaço da virtualidade.
Entre o teu permissivo olhar
E o desfrutar do outro
Existe um infinito trilho
Onde percorre o tempo.
O tempo
Imprevisto
Impreciso
Impossível.
A concessão para usufruir a permissividade de teu olhar
Traz conexão.
O contrário,
É o trem no trilho que leva embora o tempo do milagre
O tempo que não retornará jamais
Entre uma conexão e outra
Entre uma desconexão e outra
Ainda existe o trilho que separa as plataformas “A” e “B”
O teu olhar nada tem de imoral
Ao contrário
Traz a nostalgia de um fragmento do passado
Que insisto em preservar
Mas que se esgota no cotidiano
E que só resgato no inicio de todas as tardes
Quando sigo para a estação
E lá te encontro do lado oposto
Porém
É neste aguardar
Que me deparo com teu olhar permissivo que diz:
Eu concedo que você me olhe
Que você aprecie o meu sorriso
Que invente histórias sobre mim
Mas só do outro lado da plataforma
E o trem passa
E o TEMPO PASSA
E nova desconexão.
Escrito por Celeste Martinez na madrugada do dia 03 de agosto de 2009 entre as 23 e 24 horas.
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